quinta-feira, 14 de março de 2013

Ibama bloqueia 3,7 mil hectares de terra desmatada no Mato Grosso

Desde o início das ações da Operação Onda Verde em Mato Grosso, há 40 dias, agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) conseguiram embargar quase 4 mil hectares de terra e aplicar mais de R$ 12 milhões em multas aos responsáveis pelo desmatamento ilegal na região. Segundo Marcos Keyne, superintendente do órgão no estado, os fiscais ambientais também apreenderam 15  tratores, cinco caminhões e duas colheitadeiras.
A operação foi criada para combater o crime ambiental nas regiões da Amazônia Legal onde a derrubada irregular de árvores é mais crítica. Equipes do Ibama já ocuparam, além do território matogrossense, áreas no Pará, em Rondônia e no Amazonas, onde o desmatamento ilegal tem sido flagrado com frequência pelos agentes ambientais.
Durante visita à cidade de Sinop, a quase 500 quilômetros da capital Cuiabá, Keyne sinalizou que os números da operação devem aumentar nos próximos meses. O governo anunciou recentemente que os fiscais ambientais vão começar a trabalhar, ainda este ano, com equipamentos que imprimem autos de infração eletronicamente.
A aposta do governo é que, com esse equipamento, as multas sejam aplicadas com mais agilidade e precisão, revelando detalhes e as diretrizes corretas do local onde o crime foi praticado. As informações precisas podem evitar que erros de posicionamento abram brechas para a apresentação de recursos judiciais que anulem a punição dias depois da autuação.
Marcus Keynes também lembrou que o Ibama está trabalhando com imagens de satélite de alta resolução que permitem que os agentes localizem, em tempo real, áreas desmatadas de apenas 5 metros. As imagens disponibilizadas para os órgãos ambientais, até poucos meses, não captavam, com qualidade, detalhes de áreas pequenas.
Com o início da Operação Onda Verde, as equipes ambientais passaram a contar com sete helicópteros para a fiscalização do território amazônico e a expectativa é que a frota de veículos adaptados para a região também seja ampliada nos próximos meses. Como os acessos ao interior da Amazônia são difíceis, a aquisição desses veículos adaptados, que serão rastreados e terão sistema de comunicação por satélite pode significar um combate mais ostensivo à prática ilegal na região.

São Paulo precisa de mais praças e pedágio urbano, diz cético do clima

Mais áreas verdes e menos carros nas ruas. Asfalto e topos de prédios pintados de branco. Parque ao longo do rio Tietê. Essas são algumas soluções tidas como "simples e inteligentes" para problemas ambientais de São Paulo. E quem diz isso é Bjorn Lomborg, um dos mais famosos céticos do clima.
Mas o dinamarquês não nega a existência do aquecimento global nem a influência do homem nas mudanças do clima. Ele combate a visão sensacionalista que é dada ao tema (com a divulgação de grandes catástrofes) e soluções que, segundo ele, são utópicas e não atingem o resultado necessário. Para ele é preciso pensar em problemas mais reais e perto da realidade das pessoas e lhes dar soluções "simples e inteligentes".
O autor do livro "O Ambientalista Cético", de 2001, que lhe deu projeção mundial e fez com que fosse indicado como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time, esteve de passagem pelo Brasil e fez um passeio por São Paulo com a reportagem do UOL para apontar o que poderia ser melhorado na cidade em termos ambientais.
Cheio de números, Bjorn é especialista em ciências políticas e usa números e estatísticas para provar que muito do que é investido não traz retornos reais de melhorias para o ambiente. Logo no começo do trajeto, do Itaim até a avenida  Engenheiro Luís Carlos Berrini, o dinamarquês diz que o aquecimento global não é o principal problema ambiental a ser enfrentado, mas, sim, a poluição da água e do ar.
"Não temos um bom senso de prioridade. Costumamos olhar o que fica bem na TV, animais morrendo, grandes catástrofes, mas podemos fazer pequenas ações onde as pessoas vivem. O que mais mata pessoas globalmente quando você olha para questões ambientais é a poluição do ar e da água, não é o aquecimento global. Para se ter uma proporção, a poluição da água mata três milhões pessoas por ano e a poluição do ar mais três milhões, sendo dois milhões a poluição interna (de dentro de casa) e um milhão a poluição do ar de ambientes abertos", explica.
Para provar seu ponto, ele cita dados de São Paulo. Lomborg diz que a mortalidade por diarreia caiu de 11,9 para 0,2, indicando um trabalho na melhora da água. "Mas outro estudo mostra que 30 mil morrem por ano por poluição do ar. Quando você vê a rua cheia de carros, muitas pessoas pensam no aquecimento global, mas o primeiro problema é a poluição e os congestionamentos, que tomam muito do seu tempo".
Assim, ao olhar os problemas ambientais, ele tenta colocá-los em contextos e buscar combater o que mais gera desconforto nas pessoas. "No trânsito, muitos recursos são gastos para as pessoas ficarem presas em seus carros, isso sem falar no grande número de mortes. Segundo a OMS [Organização Mundial da Saúde], em 2020, o trânsito será a segunda maior causa de morte, na frente do câncer. Isso porque existem muitos carros, 5,5 milhões só em São Paulo. Um bilhão no mundo hoje e dois bilhões em 2030. A poluição do ar é a terceira maior causa de morte. O aquecimento global está bem atrás disso", pondera.
Assim, para combater este problema, além da melhora do transporte público, ele vê no pedágio urbano uma boa solução. "Obviamente o transporte público é a solução óbvia para lidar com isso, mas um dos jeitos que a gente sabe que pode funcionar é o pedágio urbano. É colocar os preços nos reais custos. E ter certeza de que as pessoas não vão dirigir a não ser que elas realmente precisem. E isso é bom para ambos os lados. Para os que dirigem, porque terão menos trânsito, e para aqueles que não dirigem, porque terão mais taxas para o transporte público".
"Isso é procurar soluções pragmáticas que realmente funcionem do que ideais que buscam a resposta mais correta, como os carros elétricos ou combustíveis que poluam menos. Ambos podem ser bons, mas os carros ainda ocuparão lugares, o problema é focar em coisas que só solucionam parte do problema. A pessoa acha que tudo bem dirigir carros elétricos, mas o congestionamento ainda estará lá e você ainda estará aumentando o problema".

Aquecimento nas grandes cidades

As grandes cidades devem crescer no futuro. De acordo com o ambientalista, só os 3% do mundo ocupados por metrópoles é que devem ficar mais populosos, e são exatamente estas áreas que retêm o calor. "Elas são mais quentes do que os arredores porque têm menos verde e são mais escuras, então elas seguram o calor. Tóquio deve ser a pior do mundo, no verão, a cidade fica 12,5ºC mais quente que o arredor, e tem 40 mil quilômetros quadrados".
As soluções para diminuir as ondas de calor em grandes cidades são ter mais parques e deixar o asfalto o mais claro possível, porque reflete mais e esfria as cidades. "Em Londres, por exemplo, deixar a cidade mais verde, pintar o asfalto e topos de prédios de branco reduziu a temperatura em 10ºC. É um grande impacto", conta.
Ao olhar os grandes prédios da Berrini, Lomborg faz uma ponderação: "Claro, você pode fazer prédios mais eficientes energeticamente, mas nós gostamos de coisas bonitas, e não acho que seja o caso de pensar no ecologicamente correto e deixar a arquitetura chata. Gostamos de prédios futuristas. Mas, honestamente, não acho que tirar esses prédios espelhados traga grandes benefícios. É melhor plantar mais árvores, pintar os topos dos prédios de branco e fazer mais em grandes superfícies".
Ao nos deslocarmos para a marginal Pinheiros, o dinamarquês usa a grande via paulista de exemplo. "Esta rua nunca vai ser bonita, então podemos deixá-la mais clara possível e ainda será segura para o trânsito. É tudo sobre soluções inteligentes e não pensar em só um objetivo. Temos que prestar atenção para não resolver um problema pequeno e criar um maior ainda".

Enchentes

"Muitas pessoas falam sobre o aquecimento global e apontam os problemas das enchentes. Vemos enchentes em todo lugar, Paquistão, República Tcheca, Polônia. Todo mundo fala do aquecimento global porque esperamos mais chuvas.  Mas as enchentes têm pouco a ver com mais chuvas e mais a ver com o fato de termos rios represados, rios incapazes de coletar grande quantidade de água, e entendo que este é o problema que vocês têm em São Paulo".
"Aqui você teria que ter terras para coletar a água que transborda. Na Holanda, eles têm problemas com isso e estão com um programa para dar mais espaço para o rio. Você tem que ter terras para as cheias dos rios. No passado, as marginais eram os locais para onde a água das cheias ia. Hoje, devemos alugar terras fora da cidade para ter este espaço, para que encha lá e não na cidade. Além de um sistema de drenagem mais eficiente. Temos muito asfalto e usamos essa área, mas ela não ajuda a água a escoar", explica, ao indicar uma área verde linear nas margens do rio fora da cidade, proposta similar ao projeto do governo de criar o Parque Várzeas de Tietê, de Salesópolis a Cangaiba.

Mais áreas verdes

Lomborg diz que São Paulo tem muitas árvores nas ruas, mas que o ideal seria ter várias praças em vez de grandes parques como o Ibirapuera, Villa Lobos ou mesmo a USP (Universidade de São Paulo), terceiro ponto de passagem da entrevista. "Uma das melhores coisas de termos áreas verdes, além de combater o calor nas grandes cidades, é que também aumentamos a absorção da água da chuva. Se você tiver mais parques, você diminui a temperatura, absorve água da chuva e ainda será bonito e diminuirá as enchentes."
O ambientalista ainda destaca que ter uma praça ou um parque perto de casa, além de fazer bem para o ambiente, é também um ponto para a qualidade de vida. "Em geral, você não pode ter árvores em todo lugar, mas é importante ter parques em todo lugar, não só pelo ambiente, mas pela qualidade de vida, para ter onde passear com as crianças. Você pode ver que perto de parques, os preços dos imóveis são maiores. Então, isso é algo a ser considerado: queremos um grande parque ou vários parques menores? As evidências indicam que menores têm um maior uso porque o grande significa que todo mundo deve ir lá, enquanto menores são lugares perto de sua casa e, por isso, têm maior impacto local".

Lixo e reciclagem

Um dos assuntos mais citados quando se fala sobre aquecimento global e ambiente é a quantidade de lixo produzida e reciclagem. Mas Lomborg vê uma "obsessão" com a reciclagem. "Existem coisas que valem a pena, como o alumínio, mas papel e vidro? Não vamos ficar sem árvores e areia para produzi-los. Isso só dá trabalho para as pessoas que não sabem onde separar o lixo", afirma.
E quanto ao problema do excesso de lixo? A solução apontada é queimá-lo e ainda usar a energia gerada no processo. "O lixo não é um grande desafio para a sociedade", diz.
"Temos produzido lixo não orgânico por mais de cem anos, e a maioria das pessoas não vê isso. Existem lugares que foram lixões no passado, principalmente na Europa, e foram cobertos e transformados em parques, e as pessoas gostam de ir lá. Se você vive em uma cidade de 5.000 anos, todo lugar onde você anda já foi lixão. Claro que não vamos jogar fora compostos que vão poluir, mas não podemos gastar muito mais dinheiro para evitar um pouco mais de lixo".
Segundo ele, toda a produção de lixo dos Estados Unidos até o final do século ocuparia um espaço de 28 quilômetros quadrados e 100 metros de altura. "Este não é um problema científico, é um problema politico de onde vamos colocá-lo. Temos q cobri-lo e usar o lugar. Esse não é o problema", conclui.
(uol)

Novo cadastro ajudará Brasil a solucionar passivo ambiental, diz ministra Comente

SÃO PAULO, 11 Mar (Reuters) - A realização do Cadastro Ambiental Rural (CAR) permitirá ao Brasil solucionar seu passivo ambiental ao identificar as propriedades rurais que não respeitam as regras para as áreas de preservação e de reserva legal, disse a ministra do Meio Ambiente nesta segunda-feira.
O cadastramento é uma das medidas previstas no Código Florestal, sendo considerado o passo inicial para a implementação deste novo marco.
Sem a regularização ambiental, os produtores podem perder acesso às linhas de crédito governamentais, que tradicionalmente são oferecidas a custos mais baixos para estimular a produção.
"O cadastro ambiental rural vai tirar o 'bode' da sala, porque vai mostrar qual é a realidade e quais são os caminhos inovadores para a regularização ambiental e melhor prática de produção agrícola com sustentabilidade", disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
A ministra esteve em São Paulo nesta segunda-feira para assinatura com o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, de um convênio que prevê parcerias para estimular a inscrição de produtores no cadastro e a adesão ao Programa de Regularização Ambiental.
O atual cadastro de propriedades rurais do país do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) indica que existem no país 5,4 milhões de propriedades rurais.
Segundo a ministra, o processo para o cadastro ambiental terá início este ano, podendo ser prorrogado para o próximo ano, caso haja necessidade. Ela acrescentou que as informações ficarão disponíveis no site do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
"Esperamos em 2014 entregar as 5,4 milhões de propriedades rurais deste país totalmente cadastradas", afirmou.
A ministra ressaltou que a ausência de informações preocupa tanto governo como setor produtivo.
"Todo mundo fala isso: nós não sabemos de quanto é este déficit (ambiental) e quanto que se deve", disse a ministra. Este déficit refere-se ao levantamento sobre as propriedades agrícolas em situação irregular em termos de APPs e reservas legais.

Busca de soluções

O cadastramento será feito a partir de banco de dados, que conta imagens de satélites das áreas rurais, que permitem identificar as propriedades, e se elas contam com áreas de preservação permanente (APPs) ou reserva legal.
"Por exemplo, se tiver caso de produtor que tenha desmatado as suas APPs, então este sistema vai mostrar este déficit e ele terá que recuperar estas áreas de preservação permanente", afirmou a ministra.
Ela explicou que a partir desta base de dados será possível buscar soluções para cada propriedade adotando um programa de recuperação com o órgão ambiental estadual, por um prazo que deve variar de acordo com as características das propriedades e dos Estados.
"Nós precisamos do cadastro para poder desenhar Estado a Estado, bioma a bioma, as principais bacias hidrográficas, os principais rios, nascentes... é um trabalho que vai exigir o seu engajamento", disse a ministra.
(Reportagem Fabíola Gomes)
(uol)